Em mais um capítulo da série que conta os 80 anos do Passo d'Areia, a década histórica em que o São José teve o seu lar no bairro Floresta. Quando a Bacia foi a casa do Zeca.
Quando o torcedor Vicente Fernandes resolveu emprestar o terreno, ao lado da Paróquia São Pedro, na Avenida Cristóvão Colombo, bairro Floresta, para que o São José voltasse a ter um campo de futebol adequado, em 1918, abria naquele momento uma década histórica para toda a trajetória futura do Zeca. Seria chamado de Bacia o novo estádio. O Correio do Povo ilustrava a nova mudança de campo do clube em abril de 1919:
"O Sport Club São José, depois de tantos annos de existencia, somente agora é que vê realizada a sua maior aspiração que é possuir um ground perfeitamente adaptado ao jogo de football".
Foi da Bacia que aquele corajoso grupo de jogadores partiu, no começo de uma manhã de junho de 1927, para um inédito voo que é reconhecido pela Fifa como o primeiro de um clube de futebol. Foi quando a equipe do São José embarcou no hidroavião Atlântico, da recém criada Varig, rumo a Pelotas. Depois de duas horas e meia de voo, aconteceu o amistoso contra o Pelotas: empate em 2 a 2.
Em 1927, Waldemar Zapp presidia o clube. Mas a ideia desta aventura partiu dos visionários Edgar Vielitz, um dos guris que fundaram o clube em 1913 e que, àquela altura, era o diretor de futebol, e Moisés Antunes da Cunha, o secretário.
Entre 1918 e 1919, os sócios investiram 4 contos de réis para o nivelamento do terreno e, em maio de 1919, aconteciam os primeiros jogos do São José na praça ao lado da próquia de São Pedro. E que arrancada: 6 a 1 sobre o Porto Alegre, 6 a 3 sobre o Municipal, 6 a 1 sobre o Tabajara, 10 a 4 e 11 a 1 sobre o Concórdia.
Foi também na Bacia que o menino Oswaldo Rolla, apelidado Foguinho, daria os seus primeiros chutes, como um juvenil. A partir do São José, Foguinho se tornaria um dos maiores nomes da história do futebol gaúcho.
A prosperidade do clube nesta década foi tanta que, com o crescimento do número de sócios - ultrapassando os 600 -, em 1921, foi comprada a primeira sede social própria, em um prédio da Cristóvão Colombo. O Zeca, mais uma vez, reforçava o seu vínculo com a zona norte da Capital.