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A nada mole vida dos goleiros

"Eu vou lhe avisar, goleiro não pode falhar
Não pode ficar com fome na hora do jogo
Se não, um frango aqui, um frango ali,
Um frango acolá"
O samba de Jorge Ben é um resumo da dura vida de ser goleiro. O jogador que usa uniforme diferente dos outros, pode jogar com as mãos e, naquele momento em que o estádio ruge e tudo parece se complicar, nunca pode se omitir. Porque uma hora a bola vai nele e aí, é como ensina o experiente Fábio.
"Para o goleiro nunca tem uma segunda chance. Pode jogar muito os 90 minutos. Se nos acréscimos, falhar e levar o gol, isso é o que todos vão lembrar. É o que aparece nos lances da rodada depois".
No Sao José, quem dita o ritmo do trio Fábio, Luan e Mikael é o treinador de goleiros Antônio Lenuzza Castilhos, o Toninho, e o seu auxiliar Fernando Passos Moura. É difícil vê-los sorrir. Mas não é irritação, é só esse jeito "goleiro" de ser.
"Os bons resultados no desempenho de um goleiro só vêm com muito treino, concentração, frieza e empenho. É um jogador diferente, sim. E precisa ser, até na personalidade, porque o goleiro não tem o direito de se omitir", explica o responsável pela preparação dos goleiros do Zeca.
Enquanto a rotina do grupo de jogadores é uma, a dos goleiros segue outro ritmo. A cada treino, lá estão eles na grande área, junto às inseparáveis traves.
"É uma rotina diferente, um trabalho mais íntimo, mais direcionado. Porque o goeiro fica sozinho lá na área durante os jogos. O contato maior mesmo, é entre nós. Eu preciso ter esse contato pessoal porque é um trabalho sempre com um grupo bem menor do que se fosse um time inteiro. Eu acabo criando um vínculo com eles e isso é fundamental, por exemplo, no momento de escolher quem vai jogar. Se fazemos um trabalho forte e sempre com essa troca de ideias com eles, fica claro que, quem joga, é quem treina melhor ", diz oToninho.
E aí, até no momento de não jogar, para o goleiro é diferente. Substituição, só em casos extremos.
"Acho que é fundamental, para ser goleiro, nao desistir nunca. E estar sempre concentrado, focado. Mesmo não jogando", diz o goleiro Luan.
Os gigantes da camisa 1 começam a criar a personalidade diferente ainda quando descobrem a vocação.
O Luan, aos 10 anos, viu que tinha talento para ser goleiro no campo do SESC, em Porto Alegre, e desde então não parou mais. Com o Fábio, quando ainda era criança em Erechim, o início veio por acaso. E já com a sua marca como grande goleiro. 
"Eu até não era ruim na linha, mas aí um dia eu fui para o gol. Inventei de pegar uns pênaltis. Nunca mais me deixaram sair do gol", conta.

O PÊNALTI
Há quem arrepie só de pensar em ter de ver o destino do seu time deicido nas penalidades máximas. O Toninho, com esse jeito que só os goleiros podem ter, pensa justamente o contrário.
"Eu gosto de goleiro que é pegador de pênaltis e sabe da responsablidade que tem nessa hora. Porque, se o batedor tem a obrigação de fazer, na minha opinião, o goleiro tem também a obrgação de defender", ensina.adre
Neste aspecto, o Zeca está muito bem servido. MIkael criou essa fama no Aimoré, onde conquistou duas taças pelo Sub-20 sendo decisivo nos pênaltis. Luan foi o herói do Sub-19 em 2014, ao defender três cobranças do Inter na decisão do Estadual.
O goleiro Fábio, neste aspecto, dispensa apresentações. Na decisão da última Copa Metropolitana, ele pegou três cobranças. No ano anterior, em uma decisão contra o Lajeadense, pegou quatro.
"É parte do trabalho que desenvolkvemos sempre com eles. Nós estudamos muito os cobradores de pênaltis, observamos vídeos de jogos com os goleiros para chamar a atenção também a esses detalhes", conta Toninho.
Foi assim na estreia do Gauchão deste ano. Fábio estava diante de Thiago Alagoano, do Cruzeiro.
"Esse jogador tinha cobrado dois pênaltis nos amistosos antes do campeonato. Cobrou cada um em um canto. Estudamos bem e vimos que um dos cantos era o de segurança dele. Na hora daquele pênalti, o Fábio explorou isso. Segurou até o último instante para saltar, e isso induz o atacante a bater onde tem mais segurança", explica o treinador.

UMA ESCOLA
Primeiro foi no Efipan, depois, no Mundialito, e também nos juniores. E cada categoria o São José tem pelo menos um grande goleiro com fama de pegador de pênaltis. E a intenção é fazer disso um estilo próprio do clube.
"Essa interação do trabalho cada vez próximo com os preparadores de goleiros das categorias de base é findamental. É uma rotina para mim. Essa troca de experiências é que constrói a mentalidade de um trabalho uniforme e sério na formação de goleiros", diz o treinador de goleiros.
Exemplo disso já está na comissão técnica da equipe profissional. Fernando, auxiliar do Toninho, é o preparador dos goleiros da equipe juvenil. O modelo para formar esses jogadores diferenciados _ e de vida nada mole _ não poderia ser melhor.
"A gurizada da base vê no Fábio um modelo mesmo. E ele corresponde. É um cara muito sério, focado e trabalhador. Não se trata de imitar ele, mas ter ele como um exemplo a ser seguido", explica Toninho.

(Imagem: Divulgação/São José)

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