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Os "donos da casa" no Passo d'Areia

Já ouviu falar do Don Fredon? Do Vovô? Do Pika? Ah, e do Príncipe, já ouviu falar? Não. Certamente estes nomes você não verá relacionados nas escalações do São José. Trata-se do Fred, do Alexandre Bindé, do Claudinho e do Kelwim. O autor das pérolas é o Cláudio Maradona. Ele não foi alvo dos apelidos. Quer dizer...
"Ah é, e Maradona para ele? Não acha que já é uma comédia?", brinca um dos colegas.
É que o Maradona é uma unanimidade entre os jogadores que têm um lar no alojamento debaixo do pavilhão social do Passo d'Areia. Ele é o mais mala. Nessa rotina entre os quartos, a sala de televisão e a cozinha dos alojamentos também tem o síndico: é o volante Alberto, o mais sério dos oito atletas que atualmente moram nas instalações do clube. Tem o mais mimado, que é o caçula Kelwim. E tem também o "veterano" Alexandre Bindé. Aos 33 anos, ele é o mais velho do grupo de jogadores, e a turma não perdoa.
"É um velho rabugento, né?", corneteia um deles.
Encontrar apelidos ou contar piadas é o remédio para driblar a rotina de viver 24 horas por dia em concentração. Uma vida que exige sacrifício.
DISTÂNCIA - "O mais difícil é a distância da família. Você fica na internet, consegue conversar com eles, mas não é a mesma coisa. Tenho minha filha de três anos e faz oito meses que não vejo ela no Rio de Janeiro. Dá muita saudade, mas para chegar em um sonho, é preciso fazer sacrifícios", conta o Maradona.
Já o zagueiro Claudinho optou por morar no alojamento justamente para ficar mais perto do filho, que mora em Porto Alegre, e também para dedicar-se mais tempo ao tratamento médico a que foi submetido no segundo semestre do ano passado.
"Eu conseguia focar direto na recuperação. E aí resolvi ficar esse ano no alojamento", diz.
O CHIMARRÃO - Desde que chegou a Porto Alegre, no segundo semestre do ano passado, o Cláudio Maradona ficou alojado no clube. Já foi o novato, agora, cabe a ele receber os mais novos no "carandiru", como eles chamam o quarto com mais camas. Chegou debaixo de um frio terrível, e agora conhece o calorão portoalegrense. Mas nem essa aclimatação adiantou para mudar um hábito essencial para ganhar respeito na descontração do alojamento. Ele não suporta chimarrão.
"É horrível, não tomo esse veneno. Só pelo cheiro eu nem chego perto", brinca.
Pronto. Só por esse motivo ele já dá um bom motivo para o Alexandre Bindé concluir que "o mais mala" da concentração é o Maradona.
"Eu preparo o chimarrão todos os dias de manhã e o cara nem chega perto", diverte-se o lateral.
ROTINA - Com um longo histórico pelo futebol do Interior, Bindé já perdeu as contas sobre os alojamentos em que já viveu. Desde que a família resolveu se estabelecer em Lajeado, quando ele passou pelo Lajeadense, a rotina das concentrações não muda mais. E aí, cada momento de folga é motivo para matar a saudade da esposa Letícia, 32 anos, e das filhas, Alice, de 15 anos, e Vitória, de nove. Foi assim na manhã da terça-feira de Carnaval.
"Elas estavam voltando da praia, deram uma paradinha aqui", conta o Bindé.
O encontro em família foi mesmo na arquibancada do Passo d'Areia. Sempre com o inseparável chimarrão.
"Essa é a nossa rotina, faz parte da profissão que eu escolhi. Às vezes os meninos mais novos, ou os jogadores que têm família mais distante, sentem um pouco mais. Por isso é importante o companheirismo que nós temos aqui. Uma conversa é sempre bom para aconselhar os colegas e dar força para continuar em busca do objetivo de cada jogador profissional", ensina o "vovô" Bindé.

(Imagem: Divulgação/São José)

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