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Os primeiros 45 minutos do retorno de um guerreiro

Quando acabou o aquecimento na mormacenta tarde desta sexta, no Passo d'Areia, o zagueirão Wagner caminhou na lateral do campo, cumprimentou um a um dos que via _ como sempre acontece _, mas seguiu um rumo que há nove meses não tomava.
"Está vendo ali, é o meu lugarzinho. Hoje vou voltar para ele", brincou, recolhendo as caneleiras e apontando para o banco de reservas. 
Sim. Depois do tratamento contra o câncer, a cura e o retorno aos treinamentos, sexta, no jogo-treino contra o Bagé, Wagner teve o seu retorno a um jogo de futebol. Quem o conhece, rapidamente perceberia a ansiedade camuflada na tradicional irreverência. Mesmo sem jogar, o Wagnão é uma resenha constante com os colegas. Foi ali do assento na ponta direita do banco que ele acompanhou todo o primeiro tempo do jogo-treino. Quando o juiz apitou o final da primeira etapa, ele foi bater uma bolinha no campo e... Foi chamado para receber as instruções do técnico Rafael Jaques.
Quando voltou do vestiário, era o Wagnão quem estava caminhando pelo campo, entre abraços e cumprimentos de todos os jogadores do Bagé. Tomou sua posição ao lado do zagueiro Bruno Jesus, e foi para a peleia. Lembra, era o conhecido Wagnão em campo:
"Kelvin, presta atenção!", avisou antes mesmo da bola rolar. 
Na primeira escapada dos rivais, o zagueiro, que sempre gostou de narrar um jogo dentro das quatro linhas, gritpu para a turma ofensiva do meio de campo:
"Tem que marcar também, só um pouquinho. Não adianta só jogar".
Quando precisou dividir, lá estava o Wagner. Quando precisou encurtar a distância para o atacante, ele agiu de novo. Até subiu para a área nos cruzamentos ofensivos, mas não teve nenhuma oportunidade. Aguentou os 45 minutos do segundo tempo, que mantiveram o 0 a 0 da primeira etapa.
"Minha maior dificuldade ainda está em me orientar de novo. Me encontrar no posicionamento. O tempo de bola também leva um tempo para pegar de novo. Mas foi o meu primeiro trabalho com situação de jogo, é normal. Cansei um pouco, mas foi muito bom. Fiquei muito feliz, e vou evoluir", avisa.
Isso porque ele não esqueceu do que prometeu quando teve o câncer diagnosticado.
"Eu disse que voltaria no Gauchão. Não mudei minha meta", diz.
Ainda não há prazo para que Wagner volte a jogar pelo Zeca, mas não se surpreenda se, uma hora dessas, olhar para o banco de reservas e encontrar o guerrero no último banco da direita.

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