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Ser mãe de jogador é...

Este domingo é o dia daquelas que, quando o jogo encrespa e a torcida às vezes se cala no nervosismo, soltam seus gritos estridentes. Não são xingamentos, às vezes nem mesmo um incentivo daqueles que se costuma ouvir em estádios de futebol. São acima de tudo um afago ao seu "preferido" dentro de campo. É o dia daquelas que muitas vezes são o motivo daquele beijo entusiasmado do rebento para as câmeras do momento do gol. Dizem que difícil é ser mãe de miss, ou de juiz de futebol. Ah é? Experimenta uma tarde na arquibancada ao lado da Renata Moretti ou da Fabiane Echel.
"É uma tortura, porque a gente acaba vivendo tudo junto com eles. Acompanhamos o empenho no dia a dia, e quando chega a hora do jogo, é um nervosismo a cada jogada dividida. É o nosso filho que está ali, não é um jogador de futebol. É impossível separar as duas coisas", resume a Renata, 46 anos, que é mãe do Vicenzo, da equipe Sub-15 do São José.
A Fabiane, também aos 46 anos, é como todas as mães: múltipla. A de jogador, é praticamente uma comissão técnica aditivada com muito carinho.
"Tem que ser técnica, amiga, conselheira, médica, psicóloga. E no fim de tudo, não esquecer que é mãe", diz.
Mãe do João Pedro, também do Sub-15, a Fabiane não foge ao script da mãe _ que bom! _, com ela, estudo em primeiro lugar. Com o filho tornando-se ou não jogador de futebol. 
"Eu sempre gostei muito de futebol e do esporte. Estimulo ele. Mas é o estudo que vai garantir que ele seja bem-sucedido em qualquer profissão, inclusive como jogador", ensina.
SAUDADE - Mas as duas são só elogios ao aprendizado dos meninos no esporte. Como a Renata lembra, os meninos ficam mais maduros e aprendem a lidar com os problemas da vida de maneira mais centrada. As duas, aos pouquinhos, tentam cortar aquele restinho do "cordão umbilical". Até dois anos atrás, as duas eram figurinhas carimbadas nas viagens das categorias de base do Zeca. Agora, os meninos cruzam o estado, o país e o mundo sem elas. Ou melhor, quase sem elas.
O Vicenzo foi um dos jogadores no grupo campeão do Mundialito, na Bolívia, em janeiro. João Pedro estava em Madri, no mês passado.
"Foi um aperto aquela distância, tanta saudade, mas eu tinha consciência do quanto era importante para ele", lembra a Renata.
XINGAR PODE, MAS... - Mas afinal, é pior ser mãe de jogador do que de juiz de futebol?
"Tu já viste a mãe de algum juiz no campo? Elas nem imaginam o que acontece. Nós, não. Estamos aqui. E tem que ser forte quando alguém xinga o teu filho. Fico chateada, porque todo mundo tem filhos, então não precisa faltar a educação", comenta Fabiane.
Para ela, xingar faz parte do futebol. Até certo ponto. Se o nível baixa, ela conta até dez e... não responde. Essa é também a "missão" da mãe de jogador: ser paciente. 
Sim, quando o jogo acaba, essas torcedoras voltam a ser "só" mães. Daquele jeito que deixa os guris encabulados, mas e daí. Afinal, quando o jogo acaba, a Renata não perde tempo. Corre na grade e:
"Filho, não vai comer um lanchinho? Um pastel? Quer um dinheiro para comprar alguma coisa? Não pode ficar sem comer nada"
Lá na beira do campo:
"Tá, mãe".
Releva, Vicenzo. Todas elas são assim. Podem parecer diferentes por serem mães de jogadores. Podem dizer que é mais sofrido do que ser mãe de miss ou de juiz de futebol. Mas são, acima de tudo: mães.
Parabéns a todas elas que vivem o dia a dia do São José!

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