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Tati, a mãezona do Zeca

Quando o zagueiro Wagner chegou para o primeiro treino desta semana, sentou diante dela e, antes que pudesse contar a novidade, ela tascou:
"Tu tá com jeito de grávido".
Na mosca. Era justamente para contar que vai ser papai que o zagueirão foi puxar assunto. Aconteceu o mesmo no começo da temporada, quando o goleiro Fábio anunciou que seria pai.
"Ah, do Fábio eu escolhi até o nome da menina".
Não, ela não tem poderes sobrenaturais _ ou tem? A Tati, como todos no Zeca conhecem a Tatiana Amaral, no papel, é secretária do departamento de futebol do clube. Na prática, ela bem poderia instalar um divã diante da mesa de trabalho. Porque, além do papel de psicóloga nas horas vagas, ela também encarna a mãe, a tia, a avó, a professora e, finalmente, a amiga dos jogadores.
"Volta e meia um deles para aqui na frente para contar o que está acontecendo na vida. Pede conselho sobre o que falar para a namorada. Às vezes é para eu marcar alguma consulta com dentista. Coisas assim. E eu acabo me apegando aos meus meninos", diz ela.
Tati chegou ao clube em 2014 a convite do supervisor Luciano Oliveira. E virou muito mais do que o trabalho dela.
"Eu já tinha trabalhado com assistência social, aí ele me convidou e eu achei que trabalhar em um time de futebol seria mais leve. Que nada, ele me enganou. Eu acabei virando mãezona dessa gurizada", brinca.
A BRONCA E O AFAGO - E como típica mãe, a Tati controla desde o que cada um dos jogadores esta comendo, se está se alimentando direito, até o comportamento de cada um.
"Eu puxo a orelha mesmo. Porque, na verdade, eu acho que nunca vou entender nada de futebol, do jogo assim, mas sei exatamente quando não jogaram bem pelas carinhas deles. E cada um reage de uma forma. Uns ficam agitados, outros se calam, não se alimentam direito. Mas eu torço muito por cada um deles, pelo sucesso dos meninos que eu vejo batalhando mesmo todos os dias", comenta.
Um dos xodós dela é o atacante Jô. É que, antes do São José, a Tati teve uma pssagem pelo Cruzeiro, e lá conheceu ele ainda menino. Virou uma espécie de conselheira dele. Mas não é o único. Como a Tati gosta de dizer, cada um dos meninos tem o seu jeito de agir. O Jean Roberto, por exemplo, todos os dias antes do treino "bate o ponto" na mesa da mãezona para um chimarrão e uma boa conversa. Tem o Alexandre Bindé, que todos os dias de manhã tem assunto. Ou o Cláudio Maradona, que mora na concentração.
"Ele acorda cedo, aí quando eu chego, ele desce aqui. Fica sentado na minha frente e às vezes não fala uma palavra. Só fica aqui. É uma companhia", diverte-se.
A "PSICÓLOGA" - Fazem parte do que essa "psicóloga" avalia como o perfil dos jogadores do Zeca. Tem os "quietinhos" e tem os "maloqueiros".
"Para um time funcionar, tem ue ter esses bagunceiros", ensina.
Aos 40 anos, moradora de Alvorada e casada, Tati é mãe de um filho de 23 anos e uma filha de 16. Também já é avó na vida fora do Passo d'Areia.
E bate um ciuminho na turma de casa?
"Eles me entendem. O futebol é intenso, e tudo o que acontece nesse ambiente é marcante. Não tem como eu não me envolver", diz a mãezona.
Dizem que desejo de mãe não se deve contrariar. Pois a Tati tem o dela:
"Quero que eles comecem a ganhar de uma vez. Não tô gostando dessa brincadeira de ficar lá embaixo no campeonato, eles me acostumaram mal ganhando tudo".

(Imagem: Arquivo Pessoal/Tatiana Amaral)

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