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Zeca, guerreiro dentro de fora do campo, está nas quartas

Imagine uma partida decisiva jogada dentro e fora de campo por muito mais do que 90 minutos. Foi assim, com uma perfeita e peleada sintonia entre o time dentro de campo e a torcida na arquibancada que o São José conquistou, na tarde, deste sábado, em São Bernardo do Campo a inédita vaga nas quartas-de-finais do Brasileiro Série D. Agora, restam apenas dois jogos para o acesso à Série C. A vaga foi conquistada nos pênaltis. E mais uma vez o goleiro Fábio foi o herói. Cobrou a primeira penalidade e depois defendeu um. O jogador do São Bernardo ainda cobrou a última penalidade no travessão, garantindo a conquista por 4 a 3 depois de um empate em 0 a 0 no tempo normal.
Mas agora, retroceda quase um dia. Volte a Porto Alegre, no Estádio Passo d'Areia. Foi dali que partiu a caravana com cerca de 50 bravos torcedores dispostos a encarar 20 horas de estrada para empurrar o Zeca aos oito melhores clubes da Série D. Tudo corria bem a té faltarem pouco mais de 100km para o Estádio Primeiro de Maio. Um acidente da rodovia Régis Bitencourt interrompeu a caravana por quase duas horas. E por alguns instantes, aqueles guerreiros chegaram a temer que não chegariam ao estádio para este momento fundamental na história do São José.
Chegaram. Praticamente junto do apito inicial do jogo. E o que se viu em campo parecia a repetição do cenário desta jornada.
Primeiro, como aquele desafio de tantas horas, o São Bernardo se apresentou disposto a pressionar os comandados do técnico China Balbino. Mas, como a estrada, não eram um bicho assim tão feio. Depois de rondar a área do Zeca e não conseguir furar a formação defensiva montada pelo São José, os donos da casa perderam força. Na metade da primeira etapa, já eram os meias Clayton e Rafinha que davam as cartas na partida. E abriam espaços para os laterais Dudu Mandai e Luiz Felipe, além dos volantes Felipe Guedes e Fidélis participarem da tomada dos espaços no campo ofensivo.
Foi assim aos 25 minutos, quando Rafinha recebeu na entrada da área e tocou cruzado para Paulinho, sozinho. Ele acabou tentando de primeira, para fora. Aos 32, uma grande combinação entre Dudu Mandai e Felipe Guedes chegou ao cruzamento rasteiro, na medida, pelo volante. Encontrou Rafinha na pequena área, mas dessa vez o goleiro saiu nos pés dele e evitou a conclusão.
"Nós conseguimos conter a pressão do adversário e termos a posse de bola, mas ainda faltava termos mais ofensividade. Tínhamos condições de vencer o jogo", avalia o técnico China Balbino.
DOMÍNIO - Foi com esse espírito que a equipe retornou para o segundo tempo. Com o canto incessante da torcida do Zeca na arquibancada _ por vezes abafando a torcida local _, os jogadores refletiam a força que levou a galera até ali.
Logo 3 minutos, Paulinho recebeu dentro da área e rolou para Clayton. Ele chutou rasteiro, de primeira. A bola foi desviada pelo goleiro e caprichosamente bateu na trave antes de voltar, rolando sobre a linha, para o próprio goleiro. Apenas quatro minutos depois, Dudu Mandai teve a melhor oportunidade da partida. Luiz Felipe arrancou no contra-ataque e colocou o lateral-esquerdo sozinho à frente da defesa do São Bernardo. Ele avançou desde o meio de campo e, na entrada da área optou por rolar para Flávio Torres, que não conseguiu concluir. Na sobra, Clayton ainda tentou cruzado no alto. A bola passou por cima.
O comando do jogo prosseguiu diante de um São Bernardo perdido em campo. Aos 17, mais uma vez Felipe Guedes escapou pela esquerda, foi ao fundo e rolou rasteira. Dessa vez, encontrou Flávio Torres. Ele concluiu certo, mas a bola passou raspando sobre o gol. Mais uma chance clara de gol surgiu aos 23 minutos. Luiz Felipe avançou pelo lado e cruzou na medida, na cabeça do centroavante Flávio Torres. Ele cabeceou mirando o canto e deixou o goleiro vendido no lance. Sabe-se lá por que, a bola passou para fora.
Mas você lembra daquele percalço na estrada que quase impediu os guerreiros torcedores de chegarem ao estádio? Pois é. A partida chegava aos 40 minutos e o São Bernardo conseguiu retomar a bola. E aí as jogadas cruzadas começaram a representar perigo à defesa do Zeca. Foram diversos cruzamentos sucessivos. Em um deles, no último minuto do tempo regulamentar, a cobrança de escanteio encontrou um cabeceio certeiro. E aí o São Bernardo conheceu quem seria seu algoz. Fábio segurou tranquilo, firme. O jogo iria para os pênaltis.
A VAGA - E quem disse que a torcida do Zeca parou de cantar ou confiar. Ao contrário. Dentro e fora do campo a sintonia era total.
"Uma partida decidida nos pênaltis, para nós, é como a continuação normal de um jogo. Temos um exímio pegador de pênaltis e um grupo de jogadores preparado. Eu tinha plena confiança na classificação", garante China Balbino.
Nas penalidades, já há bastante tempo, Fábio é garantia de conquista. Ele não defendeu a primeira cobrança, mas o próprio goleiro foi ao fundo do gol, buscou a bola e caminhou até a marca do pênalti. Para quem nunca o viu treinar, era uma surpresa. Pois ele cobrou com segurança, deslocou o goleiro para um canto e a bola para o outro.
Cobraram Dudu e Rafinha, na sequência, com os cobradores do São Bernardo também acertando. A decisão estava 3 a 3 quando Fábio usou a sua costumeira pressão sobre Lino, o atacante de habilidade dos donos da casa.
O jogador bateu no canto e o goleirão voou nela defendeu e a bola ainda bateu na trave. Na sequência, Everton Alemão bateu com categoria no canto oposto ao do goleiro. E aí veio a vitória, nos pés do zagueiro Dogão. Ele chutou alto, certeiro no travessão, para a explosão daqueles guerreiros que haviam partido de Porto Alegre _ os que estavam dentro e os que estavam fora de campo _ determinados a escreverem mais um capítulo na história do Zeca. Estamos a dois jogos do acesso à Série C. O adversário ainda será definido neste domingo.

(Imagem: André Pereira/Arquivo Pessoal)

FICHA DO JOGO: São Bernardo (3)0x0(4) São José

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