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Os 34 dias da lanterna à classificação no Gauchão

O jogo em Caxias do Sul na noite de quarta-feira não teve muitas emoções. O placar foi negativo, com derrota do São José por 1 a 0 para o Juventude. Mas isso não era o que importava a todos que foram ao Estádio Alfredo Jaconi ou torceram pelo Zeca à distância. A notícia estava no fato de que, 34 dias depois, os comandados de China Balbino finalmente completavam uma reviravolta incrível no Gauchão deste ano. Da lanterna à classificação para a segunda fase. O São José entrou nas quartas-de-finais com o oitavo lugar e agora vai enfrentar o Novo Hamburgo em jogos de ida e volta a partir deste sábado.
"Foi muito difícil, exigiu muito sacrifício, sofrimento, choro, noites em claro e principalmente muita concentração. Minha e desses jogadores que estão se dedicando tanto por esse projeto", desabafou o técnico China Balbino ao final da partida na Serra.
Ele sentiu como poucos na pele esse pouco mais de um mês. No trabalho e em sua vida particular. Quando o São José apareceu na última posição da tabela, China desdobrava-se entre descobrir soluções ao time e amparar a família.
"Minha mãe estava em coma, hospitalizada. E aquilo me abateu mais ainda. Foi um momento em que eu realmente senti a força de Deus. Foi nessa fé que eu também me agarrei para buscar soluções", conta. 
O INFERNO - No dia 25 de fevereiro, em virtude de uma expulsão na partida anterior, ele foi obrigado a acompanhar longe da casamata à atuação ruim do São José contra o Caxias. Em pleno Passo d'Areia, o Zeca foi derrotado por 3 a 1. Combinado com uma vitória do Ypiranga, aquele jogo ocorrido na véspera do Carnaval marcava um período de pesadelo no clube da Zona Norte. Naquele momento, além de estar na zona de rebaixamento, o São José amargava a lanterna da competição.
"Foi um dia muito difícil, porque naquele jogo tudo deu errado e eu não conseguia encontrar uma resposta para aquilo. No dia seguinte, liguei para os atletas e eles me deram um grande respaldo, mas não bastava. Eu sabia que tinha de procurar soluções. Fazer o time produzir o que vínhamos treinando tão pesado", diz.
O próximo desafio veio, e era um confronto direto contra o Ypiranga. A partida precisou ser jogada em Gravataí. Bastaria uma vitória para sair da lanterna, mas aos 48 minutos de jogo, os visitantes abriram o placar de pênalti. O São José precisou ser guerreiro e, mais do que jogar, brigar para buscar um empate que parecia ser um mau resultado.
"Foi um jogo muito importante para o nosso time, porque mesmo naquela situação difícil, a torcida esteve lá. Apoiou os jogadores o tempo inteiro. Eles realmente nos empurraram naquele segundo tempo. Eu sabia que tínhamos jogado muito bem, mas não dava para entender o resultado", recorda o treinador.
Como se não bastasse, fora de campo as especulações eram de que China não passaria daquela semana no comando o time.
"Isso me abalou. Houve uma reunião e o nosso investidor (Milton Machado) me deu mais um voto de confiança, que queria me dar mais um jogo. Eu tratei de agarrar essa chance e seguir tentando mudar algumas coisas para fazer o trabalho dar resultado", comenta.
Pois a próxima tentativa de fugir da zona da degola viria longe da Capital. E no caminho para Passo Fundo uma leitura foi fundamental para a mudança de rumo. Um trecho do livro do técnico Tite inspirou China Balbino. E o time entrou em campo no Estádio Vermelhão da Serra para uma das últimas cartadas. E não é que o martírio insistia em continuar.
Um pênalti contra o São José foi marcado no final de um primeiro tempo que era completamente dominado pelo time de Porto Alegre.
"Nossa, naquele momento eu olhei para o céu e perguntei o que, afinal,  Deus queria comigo? E o Fábio defendeu, o time buscou a vitória. A vibração de todos no vestiário, dentro de campo e no caminho para casa foi intensa. Era disso que precisávamos", conta China Balbino.
A RECUPERAÇÃO - Era o início da reviravolta. Na sequência, jogando no Passo d'Areia com portões fechados, os comandados de China Balbino foram soberanos. Superaram o Brasil de Pelotas com uma atuação impecável. Matematicamente, as contas no Passo d'Areia estavam claras. Restavam três jogos para o fim da primeira fase e a necessidade para escapar da degola ainda era de três pontos. Eles teriam de vir com uma nova superação. Mais uma vez, a vida pessoal de China Balbino lhe impunha outro golpe. Com a mãe em recuperação, já fora do hospital, foi o pai que, no dia da partida, sofreu um AVC. 
Ainda assim, o comandante não mudou o foco no caldeirão do Estádio Aldo Dapuzzo, em Rio Grande. E o resultado veio. Uma vitória por 3 a 1 com outra atuação taticamente perfeita.
"Nós sabíamos que naquele jogo já poderíamos ter selado a nossa classificação. Então, é natural que aquele nível de concentração que todos estavam possa ter relaxado um pouco. Vieram duas derrotas nesses dois últimos jogos, contra Inter e Juventude, mas era grandes adversários e jogos realmente duros. Tenho certeza de que esses jogadores vão retomar o trabalho com aquele brilho no olhar e vontade de se superar neste campeonato", avisa o treinador.
Sim, no Alfredo Jaconi o Zeca foi derrotado por 1 a 0, com um gol de Vinícius completando dentro da área uma cobrança de falta cruzada aos 22 minutos da segunda etapa. Os resultados paralelos, no entanto, ajudaram o São José a garantir seu lugar entre os oito melhores da competição.
E o destino coloca frente a frente, mais uma vez, São José e Novo Hamburgo, o primeiro colocado da primeira fase.
"No ano passado, enfrentamos eles nas quartas tendo uma grande campanha. Eles eram os franco-atiradores. Agora, somos nós. Estamos preparados", garante o comandante.

RESUMO DO JOGO: Juventude X São José

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