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1940-2020: Vai reclamar com a mãe do Badanha!

Neste ano, o Passo d'Areia, a nossa casa, completa 80 anos. É o estádio mais tradicional do futebol de Porto Alegre. No sexto capítulo do baú de histórias que começamos a abrir, recordamos um dos primeiros personagens da nossa nova casa, e que se tornou ilustre na cultura popular gaúcha. Quem nunca ouviu um "vai reclamar com a mãe do Badanha!". Pois saiba, o grito surgiu nas arquibancadas do Passo.

Ah, mas vai reclamar pra mãe do Badanha!
Quem nunca ouviu essa frase em alguma acalorada ou bem humorada discussão? Pois a história do Badanha, e naturalmente, da mãe dele, que deu origem à expressão popular, está intimamente ligada às primeiras formações do São José no novíssimo Passo d'Areia. Sílvio Gomes Luz, ou só Badanha mesmo, era o center half da equipe de 1941 e 1942.
Em agosto de 1942, o Brasil finalmente declarou guerra aos países do Eixo. Dias tensos, certamente. Nas arquibancadas do Passo, o clima deveria estar bem mais ameno e divertido. É bem possível que a torcida tenha recorrido à mãe do nosso meio-campista para folgar nos rivais do Grêmio, que naquele dias 16 de agosto eram derrotados por 2 a 1 no clássico pelo Citadino. A equipe do Zeca continuava tendo como um dos principais destaques o grande artilheiro Elustondo, no ataque, mas chamava atenção aquele volante que, nos anos seguintes, ainda passaria com destaque pelo próprio Grêmio, pelo Bancários, de Pelotas, e pelo Renner.
Os levantamentos históricos são contraditórios quanto à data de nascimento do Badanha: 1918 ou 1924, em Porto Alegre. Antes de vestir a camiseta do São José, defendeu, ainda guri, o Porto Alegre. Era um período em que o profissionalismo no Rio Grande do Sul ainda dava seus primeiros passos, e o Zeca era um dos pioneiros nesta relação com os atletas. E daí começou a fama da mãe do Badanha, que não teve o seu nome preservado pela história. 
Era ela quem negociava os contratos do filho e, dizem, peitava os cartolas em nome do rebento. O jornalista Cláudio Dienstmann relata ainda a fama que a tornou ainda mais popular. É que a mãe do Badanha tinha o hábito de invadir as redações dos jornais para reclamar das crônicas que eventualmente desmereciam o menino.
Mas o Badanha, apesar da fama da mãe, poderia ser considerado um fenômeno para aquele período. Era descrito pela boa qualidade nos passes e segurança no meio de campo. Tinha o seu brilho e era diferenciado para um cenário ainda em transformação no futebol gaúcho. Em 1941, quando já era destaque no São José, e foi convocado para a Seleção Gaúcha, ele era o único jogador que tinha licença para sair da concentração e frequentar as aulas no ginásio. Ele ainda trabalhava e jogava futebol simultaneamente. Mas até aí, nada muito diferente do cenário da época. O Badanha, porém, não era comum. Destacou-se pela seleção estadual e foi notado pelos cariocas. Durante todo o período em que esteve no São José, recebeu propostas que chegaram a 20:000$000 do América, do Rio de Janeiro, um dos grandes daquele período.
A negociação com o clube da capital não se concretizou. Já imaginou o país inteiro mandando o pessoal se entender com a mãe do Badanha? Não, a mãe dele não chegou a encarar o grande Mario Filho em alguma redação, mas fez seu barulho aqui em Porto Alegre, como conta o Dienstmann:
"Quando ela surgia nos gabinetes dos dirigentes e nas redações, cartolas e escribas tratavam de dar o pinote, vazar: 'Lá vem a mãe do Badanha'."

Omagem: Charge de João Pompeo, na Folha da Tarde (1946)

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