NOTÍCIAS

1940-2020: A casa do Seu Ênio

Neste ano, o Passo d'Areia, a nossa casa, completa 80 anos. É o estádio mais tradicional do futebol de Porto Alegre. No sétimo capítulo do baú de histórias que começamos a abrir, recordamos um dos pilares do jovem time que brilhou no Passo no final da década de 1940, a primeira década do Passo. Aquele que foi um gênio dentro de campo e um mestre fora dele deu seus primeiros passos como jogador e como treinador justamente no São José.

Seu Ênio, Professor, Cabeça. As alcunhas foram muitas, mas a opinião a respeito do significado de Ênio Andrade é unânime, como bem definiu Ruy Carlos Ostermann: "Um gênio dentro do campo, e um mestre fora dele".
Pois foi justamente no Passo d'Areia que o grande Ênio Andrade surgiu dentro e fora dos campos. O São José foi o primeiro clube onde o guri, nascido em 1928, estreou, ainda aos 17 anos, como profissional, no Citadino de Porto Alegre, em 1946. E foi também o Zeca o primeiro clube onde o multicampeão Ênio Andrade deu suas primeiras instruções como treinador, em 1962, quando ainda atuava também como jogador, encerrando a sua carreira de atleta.
Se há um conceito de prata da casa, Ênio Andrade se enquadra perfeitamente quando se trata da sua relação com o São José. Cria da zona norte de Porto Alegre, ele se tornou um dos cérebros do jovem time que arrepiou na Capital no final daquela primeira década do Passo d'Areia. 
Claro, como todas as outras equipes de Porto Alegre na década de 1940, deu azar de ser contemporâneo do Rolo Compressor. Ainda assim, aquela gurizada, que tinha Wilson no gol, Ivo no meio campo e um trio final com Ênio, Sadi e Pedrinho, garantiu um histórico vice-campeonato citadino em 1948, ficando com o segundo melhor ataque _ 26 gols em 12 jogos _ e, no ano seguinte, em 1949, levaram o São José ao terceiro lugar em Porto Alegre.
Ao final do Citadino de 1949, Ênio Andrade deixou o Zeca, transferindo-se para o Internacional, onde ganhou seus primeiros títulos. Depois, fez parte do histórico time do Renner de 1954 e conquistou o Pan-Americano representando a Seleção Brasileira em 1956. Ainda passaria por Palmeiras e Náutico antes de retomar as suas origens. 
Em 1962, os tempos não eram fáceis para o São José. Na década de 1950, com dificuldades, o clube abriu mão das competições por seis anos. Retornou em 1958. Quatro anos depois, já com o Gauchão mais parecido com os moldes atuais, Ênio Andrade voltou a jogar no Passo. Aos 34 anos, acabou assumindo também o comando técnico do time que tinha o lendário Joaozinho no gol. A campanha no Estadual não foi boa, e o São José foi decidir a permanência na elite gaúcha no chamado Torneio da Morte, contra o Rio Grande.
Foram três jogos decisivos. No primeiro, derrota por 1 a 0 em Rio Grande, no segundo, vitória por 3 a 1 no Passo. Foi preciso um terceiro jogo em campo neutro, a Boca do Lobo, em Pelotas, para definir. E aí, Ênio Andrade deparou-se com a primeira decisão difícil de engolir na sua carreira que iniciava como treinador. O Zeca saiu ganhando por 2 a 0, com um gol do próprio Ênio e um do Adair, no primeiro tempo. O adversário descontou e, nos minutos finais, o árbitro marcou dois pênaltis para o Rio Grande, que assim virou o jogo para 3 a 2 e subiu à primeira divisão.
O time de Ênio Andrade, porém, não baixou a cabeça. Em 1963, o São José conquistaria o seu primeiro título profissional: campeão gaúcho da Segunda Divisão, ao bater o Riograndense, também da cidada da Zona Sul do Estado. Mas esta é outra história.
Novamente, Ênio Andrade ganharia o Brasil _ mais de uma vez _ antes de voltar a Porto Alegre, e à zona norte, onde viveu até 1997.

NOTÍCIAS


APOIO

SIGA O ZECA